quinta-feira, 2 de outubro de 2008

PREGAÇÕES DO PR. FAUSTO AGUIAR

2.1 O crescente Desprestígio da Pregação
A observação de que neste século, mais uma vez, a Igreja está marcada com o declínio da pregação, a exemplo do que houve no período pós-apostólico, é demonstrada por Lloyd-Jones que, mesmo tendo algumas posturas “radicais”, defende a pregação como sendo a principal tarefa do pregador e a razão maior do seu chamado.
No final da década de 60 Lloyd-Jones já denunciava algumas das tendências de mudanças na ordem de culto geralmente pretendidas pelas igrejas, chamando-as de “elementos de entretenimento no culto”. Para ele, na medida em que a pregação perdeu sua importância, foi necessário dar ênfase a outras partes do culto. Em sua análise, o maior culpado pelo desprestígio da pregação é o próprio púlpito; toda vez que o púlpito está correto e a pregação é autêntica, isso atrai e arrebanha o povo para ouvir .
Um famoso ministro norte americano, Warrem Wiersbe, destacado pelo ministério radiofônico que desenvolve há décadas e por alguns livros, escreveu uma obra traduzida para o português com o título “A Crise de Integridade”. Nele, o autor reconhece o desprestígio da pregação no meio evangélico de seu país e conclui: “o tipo errado de pregadores, compelido por motivos errados, criou o tipo errado de cristãos mediante a pregação da mensagem errada.”
Desta forma, a pregação que é tão prioritária para a vida da Igreja tem, nos próprios pregadores, os principais responsáveis pelo seu desprestígio. Vale a pena lembrar a definição da pregação segundo Blackwood: “a verdade de Deus proclamada por uma personalidade escolhida com o fim de satisfazer as necessidades humanas”. Ora, podemos concluir que o fato da pregação estar desprestigiada se deve, principalmente, à incapacidade dos púlpitos em “satisfazer” as necessidades humanas.
Aproveitando a definição acima vale ressaltar que o que faz a pregação é a veracidade bíblica exposta fielmente e aplicada relevantemente ao homem contemporâneo. Parece-nos que nos dias atuais nossos pregadores cumprem a primeira das condições e desprezam a segunda.
Estas mesmas duas condições podem ser encontradas na definição de sermão de John H. Jowett. Para ele o sermão tem que ser uma proclamação da verdade “como vitalmente relacionada com os homens e mulheres que vivem”. Ele diz que um sermão precisa tocar a vida onde o toque seja significativo, “tanto nas suas crises como nas suas corriqueirices”. Completa ainda que o sermão precisa ser “aquela verdade que viaja em companhia dos homens morro acima e morro abaixo, ou na planície monótona”.
É justamente por isso que a pregação é tão importante para os ouvintes. Há uma “fome” deste toque especial patrocinado pela Palavra pregada. Na medida em que esta pregação é ineficiente em suprir os ouvintes desta necessidade, deixa de ser prestigiada.
Este desprestígio é observado também por James Crane. Para ele isto se deve, principalmente, à inaptidão em estabelecer objetivos realmente relevantes para a pregação. Crane lembra que a pregação só tem sentido quando imbuída de um propósito persuasivo. Argumentando acerca disso, ele cita G. Campbell Morgan:
Toda pregação tem um só fim, a saber, o de tomar cativa a cidadela central da alma humana, ou seja, a vontade. O intelecto e as emoções constituem vias de aproximação que devemos utilizar. Porém o que temos de recordar sempre é que não temos atingido o verdadeiro fim da pregação enquanto não for atingida a vontade, constrangendo-a a fazer sua escolha de acordo com a verdade que proclamamos.
Sem este caráter persuasivo a pregação perde sua eficácia e, consequentemente, seu prestígio junto à própria Igreja. E qual o resultado para a Igreja deste estágio em que a pregação se encontra? A própria Bíblia, no livro de Provérbios nos mostra o resultado natural da ausência da legítima e eficiente pregação: “Não havendo profecia, o povo se corrompe”.

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